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segunda-feira, 18 de novembro de 2013

A Greve da Educação Pública Paraense de 2013, a mais importante greve da história do SINTEPP



Prof. Thiago Barbosa faz uma avaliação sobre a greve dos professores finalizada na últia sexta-feira:

"No final do mês de Setembro, Educadores do Estado inteiro estiveram reunidos em Assembleia Geral em Belém e decidiram por ampla maioria entrar em Greve, os motivos são vários, e a falta de avanço com as inúmeras reuniões entre Governo e Sintepp contribuiu diretamente para que a greve fosse deflagrada; apesar do posicionamento contrário da direção majoritária do Sintepp.

A greve começou forte, mesmo com o ataque antecipado do Governo do Estado, no sentido de criminalizar a greve antes mesmo que ela tivesse início, na ocasião a Justiça Paraense deferiu o pedido do Estado e declarou a Greve Abusiva e Precipitada, deferimento esse que foi logo derrubado pelo Supremo Tribunal Federal STF.
Após a vitória da categoria no STF, a Greve cresceu, vieram caravanas dos interiores para os primeiros atos, fechamos ruas, denunciamos o Governo, expomos a situação da educação pública no Pará para todos.
A participação dos Educadores do SOME Sistema de Organização Modular de Ensino, marcou a greve de 2013, pois não havia a cultura de participação desses Educadores nas greves, e eles obtiveram uma vitória expressiva, que foi a tão sonhada regulamentação do SOME, com a sua Lei Específica.
Outro fato marcante nessa greve foi a participação dos educadores dos interiores, e prova disso foi a “quebra” da cultura de fazer-se ato somente em Belém, esse ano tivemos dois atos Estaduais da Greve fora de Belém, um em Santa Maria do Pará, e outro na Alça Viária.
Tivemos um diferencial nessa Greve, pois ela foi conduzida do início ao fim pelo comando de greve, comando este que era composto de dirigentes sindicais das mais diversas Subsedes, Regionais, e forças políticas que se organizam na base do Sintepp e tocam a luta no dia a dia.
Posso tranquilamente enumerar as atividades que marcaram a nossa Greve, e resolvi enumera-las, vejamos:
1) A deflagração da Greve no dia 18 de Setembro: Em Assembleia Geral a ampla maioria decidiu iniciar a greve, mesmo contra a vontade da Direção Majoritária do SINTEPP, que alegava que a categoria deveria esperar até a próxima semana onde o Governo havia marcado uma reunião e la “apresentaria” algo de bom pra categoria, só que não;
2) Primeiro Ato da Greve: O CAN estava lotado, quando um Oficial de Justiça localizou o Coordenador Geral do SINTEPP e notificou ele sobre a ação que declarava a Greve abusiva e precipitada, porém recorremos ao STF e ganhamos.
3) No dia 26 de setembro tivemos uma Assembleia Geral, onde a categoria teve a oportunidade de conhecer a Minuta mentirosa do Governo: Nesse dia eu RASGUEI a minuta na Assembleia Geral e depois tocamos fogo.
4) No dia 3 de outubro saiu a decisão do STF: nossa greve é legal, e terminou legal, nesse dia o Governo teve que engolir esse caroço de manga.
5) Dia 15 de outubro, dia do Professor: nesse dia a categoria realizou um ato na BR-316, na altura do município de Santa Maria, após mais de 4 horas de interdição da rodovia, arrancamos uma nova audiência com o Governo.
6) Dia 23 de outubro: SEDUC ocupada pelo movimento grevista, nesse dia demos o famoso “drible da vaca” no Governo, simulamos um ato em São Brás rumo ao CIG Centro Integrado de Governo, e deslocamos a categoria em peso pra SEDUC, lá passamos três dias, e interrompemos o funcionamento do prédio e dos sistemas da SEDUC em todo Estado; apesar do terrorismo do Governo do Estado, que impediu a entrada de alimentos e inclusive água, e após muita porrada da frente da SEDUC o Governo teve que recuar e liberar a entrada de alimentos.
7) Dia 22 de outubro: Segundo ato fora de Belém da Greve, fechamos a Alça viária, chamamos a atenção da sociedade, denunciamos o governo, e marcamos o dia com uma mobilização forte entre os municípios do interior do Estado.
Dia 29 de outubro: ato em frente a Ministério Público Estadual, marcado pela grande participação dos grevistas, alunos e sociedade civil em geral, nesse dia caiu a máscara do Governo, o contador do Ministério Público revelou que o Governo tem dinheiro de sobra pra pagar minimamente o retroativo do nosso Piso, nesse dia os representantes do Governo ficaram irritadinhos, pois não tiveram argumentos para contrapor a fala do Ministério Público.
9) 30 de outubro: Em assembleia Geral, decidimos dar continuidade a greve, e invadir a conferência estadual de Educação que foi realizada no Hangar, fizemos um ato dentro da conferência, novamente denunciamos o Governo e tivemos o apoio dos participantes do todo Estado.
10) Dia 31 de outubro: finalizamos a “nossa” proposta de minuta a ser entregue ao Governo, passamos 3 dias inteiros discutindo o que seria melhor para a categoria, eram quase 22h quando tudo ficou pronto.
11) Dia 5 de novembro: ALEPA ocupada, trabalhadores em Educação mais uma vez ocupam um prédio público, apesar das ameaças, não nos deixamos intimidar; foram 8 dias de muito debate, momentos culturais, denúncias e luta!
12) Dia 8 de Novembro: Em assembleia geral, a categoria decidiu manter a ocupação do prédio da ALEPA durante o final de semana; vale lembrar que a Direção Majoritária do Sintepp foi contra, e foi derrotada na defesa.
13) Dia 12 de Novembro: Em nova assembleia Geral na ALEPA, decidimos em suspender a ocupação, e manter a greve, vale lembrar também que a Direção Majoritária do Sintepp defendeu o fim da greve e foram derrotados nas defesas, vitória da categoria.
14) Dia 14 de novembro: fizemos um ato na frente do Tribunal de Justiça pela manhã, após muita pressão fomos recebidos pelo Desembargador, que deixou bem claro a sua posição de dialogar com o Governo, que se mostrou intransigente nas negociações.
15) Dia 14 de novembro: a tarde realizamos Assembleia geral, que foi marcada por muitas falas emocionadas e indignadas com a postura da Direção majoritária do Sintepp em defender o fim da greve, e com uma diferença mínima a greve foi suspensa.

Quem esteve presente nos atos da greve, percebeu que a Direção majoritária do Sintepp errou LITERALMENTE do inicio ao fim da Greve, errou e foi derrotada em defender o não início da Greve no dia 18 de setembro, e errou em Defender o final da Greve no dia 12 de novembro.
O que deixa claro a necessidade de nossa categoria fazer uma análise crítica da linha que a greve tomou, e da linha que a direção do sintepp defendeu, já que eles foram contra os principais atos da nossa greve, e foram convencidos da necessidade de trilhar algo diferente e forte politicamente.
Cabe a base desta categoria agora fazer uma reflexão sobre a greve e a nossa direção do sindicato, será mesmo que esta ainda representa tudo aquilo que seria viável a nossa categoria? Será mesmo que se o comando de greve não tivesse dado os rumos da greve, sairíamos com uma vitória, ainda que parcial, de toda a nossa luta?
Fica aqui a minha humilde analise do que foram esses 53 dais de Greve em 2013.

(não to chamando nenhum dirigente do Sintepp de vendido e nem pelego, mas acho que é hora de inovar, todo meu respeito aos dirigentes históricos desse sindicato)"

Abraços, Prof. Thiago Barbosa

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