Inclusão é o termo positivado da palavra
exclusão, portanto, para entendermos o que é inclusão é necessário
reconhecermos a exclusão. Excluído é um indivíduo sem acesso a algo que lhe
seria devido, por isso podemos identificar os excluídos da escola, os excluídos
da casa (ou sem-teto), os excluídos de terra (os sem-terra), enfim, os tipos de exclusão existentes em nossa
sociedade. Também são vários os movimentos de pessoas excluídas, o Movimento
dos Sem Terra é um dos mais conhecidos.
Assim, a inclusão é uma ideia que tem
como conteúdo outra ideia, a de democracia. A inclusão anda junto com a
democratização da sociedade, em outras palavras, incluir significa democratizar
o acesso a bens e serviços que garantem a todos uma vida digna.
Se a inclusão deve ser entendida como
estratégia de garantia de direitos, a inclusão digital pode ser
entendida como uma estratégia de garantia do direitos de todos ao acesso às
tecnologias de informação e de comunicação. Muitos são hoje os excluídos
tecnológicos. No Brasil, cerca de 50% das pessoas que acessam a internet o fazem
de forma paga, nas lanhouses, isso sem contar aquelas pessoas que nem
nestes lugares fazem uso dos computadores e das novas tecnologias de
informação.
No Pará, segundo o censo demográfico
de 2010, em apenas 18% dos domicílios há pelo menos um microcomputador e apenas
12% dos domicílios têm algum computador com acesso à internet. Vê-se, portanto,
o tamanho da nossa exclusão digital. São mais de 1,5 milhão de lares sem
computador e sem acesso à internet e pouco mais de 300 mil, apenas, com
computador ligado à internet. Já a PNAD revela que 43% dos paraenses não
utiliza a internet e 60% dos que a usam o fazem em centro público de acesso gratuito ou pago, principalmente.
Hoje em dia ter uma vida digna significa
ter acesso às diferentes tecnologias que facilitam os processos de comunicação
humana, principalmente os meios informacionais. Quem não tem acesso a
computadores, à internet e às diferentes tecnologias computacionais terá mais
dificuldades de viver em sociedade já que quase tudo está ligado ao uso destas
tecnologias. Os serviços de saúde, de educação, os bancos, o comércio estão
exigindo conhecimentos de informática e capacidade de interação digital. Por
isso pode-se dizer que quem não sabe fazer uso ou não tem acesso à informática
fica mais distante de diferentes bens e serviços básicos. A PNAD revela que 70%
dos usuários de internet no Pará utilizam esta ferramenta como forma de
comunicação com outras pessoas, o que indica a importância dessa nova
ferramenta comunicacional.
Mas não basta ter acesso é preciso
saber usar essas ferramentas e quanto mais se souber usá-las, maior será a
capacidade de comunicação dos sujeitos. Por isso que os telecentros comunitários têm uma importância grande para a
democratização do nosso país. Por eles deveria ser possível que comunidades tivessem
acesso ao computador, à rede mundial de computadores (web) e às diferentes
redes mundiais de relacionamento.
Por isso que ações de formação que
busquem promover a inclusão digital no Brasil, como os movimentos sociais de
inclusão digital e o Programa Telecentros.BR, são tão importantes, já que formam
agentes multiplicadores de conhecimentos e capacidades necessárias para que
diferentes comunidades tenham acesso aos computadores, utilizando-os de forma
eficiente, democrática e solidária, formando usuários críticos dos conteúdos
midiáticos. A inclusão digital deve, portanto, favorecer o desenvolvimento
pleno dos indivíduos.
O Programa EMdiálogo, vinculado ao
Ministério da Educação, coordenado pelos observatórios de Juventude da UFMG e
da UFF, também cumpre uma função importante, já que assume a tarefa da promover
a inclusão digital entre os estudantes de ensino médio de escolas públicas do
Brasil.
No Pará, segundo a PNAD, apenas 13%
dos estudantes da educação básica têm acesso à internet nos seus
estabelecimentos de ensino, o que é um contrasenso já que 71% dos usuários de
internet no estado a utilizam para realização de tarefas de educação e de
aprendizado. Ou seja, os estudantes paraenses utilizam a internet para a
realização das suas tarefas educativas mas as escolas não os preparam para este
uso. Talvez isso ajude a explicar o uso tão superficial que fazem os usuários
das redes sociais no Pará e no Brasil.
Portanto, fazer da web e das
diferentes redes sociais uma ferramenta que auxilie no desenvolvimento da auto-organização
dos jovens é uma tarefa que deve ser assumida pelos educadores e gestores
educacionais que assumem uma perspectiva emancipadora.
Se todo saber e toda tecnologia é uma
construção social, já que resulta da soma do trabalho de todos os indivíduos
trabalhadores, promover a inclusão digital nas escolas, nas comunidades e nos
mais diferentes espaços sociais é uma questão não apenas de democracia, mas de
justiça social.
Referências
BONETI,
Lindomar e outros. Inclusão digital – da teoria à prática. Curitiba, Imprensa
Oficial do Paraná, 2010.
IBGE, Censo Demográfico 2010.
(http://www.ibge.gov.br/estadosat/temas.php?sigla=pa&tema=resultgeramostra_censo2010).
Acessado em 17/07/2012.
IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios -
Acesso a Internet e Posse de Telefone Móvel Celular para Uso Pessoal 2008 (http://www.ibge.gov.br/estadosat/temas.php?sigla=pa&tema=pnad_internet_celular_2008).
Acessado em 17/07/2012.
Esse pequeno texto foi feito originalmente para o material de formação do Programa Telecentros.BR.
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