O Espaço de diálogo sobre o Ensino Médio Público

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

GREVE NAS UNIVERSIDADES TEM FIM MELANCÓLICO




            Terminou de forma melancólica a greve dos docentes das universidades federais que completaria 120 dias hoje (17/09). O Sindicato que a dirigia, o ANDES, sucumbiu frente à posição do Governo, que não mais negociava havia três semanas, depois de um acordo feito com o outro sindicato de docentes do ensino superior, o PROIFES.
           Tendo o seu fim comunicado pelo programa Fantástico, a greve não assegurou nenhum ganho, ou promessa de ganho, além do que já tinha sido definido. Restou ao ANDES a arrogância e a promessa de que nada estaria acabado.

          A greve revelou-se mal conduzida e sem capacidade de mobilização da categoria, ganhando a antipatia da população. Na UFPA, só conseguiu atrair a atenção da imprensa local quando foram colocados cadeados nos portões da universidade, impedindo o acesso dos docentes que não aderiram ao movimento.   Também discentes, servidores e a população foram impedidos de entrar no espaço universitário.
             Apesar da “radicalidade” que se quis imputar ao movimento a categoria pouco participou e mesmo algumas lideranças da greve mantiveram suas atividades acadêmicas diversas, principalmente as remuneradas.
            Quem saiu mais prejudicado foram os alunos dos cursos de graduação, que ficaram sem suas aulas, pois somente essas deixaram efetivamente de acontecer. As aulas da pós-graduação, as atividades de pesquisa e de extensão foram mantidas, em sua maioria, bem como, é claro, as atividades com remuneração extra.
            120 dias de greve não é vitória, seria se fosse um período de crescente mobilização dos docentes, no qual teria sido elevado o nível de organização e de consciência da categoria. Mas essa greve de fim melancólico, além de não revelar ganhos resultantes de sua “radicalidade”, causou prejuízos para a universidade pública brasileira que são difíceis de mensurar ainda, o mais evidente é a desconfiança com a educação pública que gera. A greve, portanto, apesar de ter sido orientada por um discurso anti-neoliberal acaba reificando a ideologia da ineficiência do Estado.
            De tudo que passou ficaram várias lições, entre elas destacamos o fato evidente de que a categoria docente não se identifica com nenhum dos dois sindicatos existentes. Se o PROIFES parece ser governista, o ANDES mostra-se aventureiro, irresponsável e vanguardista, ignorando a capacidade política de sua base.
           Cabe à lideranças da categoria e aos docentes das universidades federais fazer uma avaliação séria do movimento, recuperar a confiança da população e encontrar estratégias de enfrentamento ao governo que, mesmo que não assegurem vitórias econômicas significativas, ajudem a fortalecer a autoorganização do trabalhadores.

2 comentários:

  1. Perfeita a avaliação...belo texto, limpo, objetivo e educativo....só não entede agora o que foi esta greve quem não quiser!

    Prof. Nicolau Rickmann =Belém.Pa

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  2. É Nicolau, uma avaliação séria sobre as estratégias de luta dos docentes das IFES deveria ser feita, mas não se pode esperar isso do pessoal da ANDES já que eles se recusam a pensar.

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